Resumo
Este artigo tem como objetivo atualizar a informação divulgada antes da pandemia COVID-19 sobre a participação relativa de diferentes setores sociais no ensino superior. O ensino superior é um bem público e social, é um direito humano universal sendo um dever dos Estados garantirem o seu acesso equitativo. Nesse sentido, a heterogeneidade social no acesso ao ensino representa um cenário importante para avaliar a extensão desse cumprimento por parte das instituições de ensino superior. No momento de verificação da posição social, o fator determinante é expresso pelas competências profissionais adquiridas pelos indivíduos e nas acreditações obtidas no processo. E, em qualquer dos casos, o efeito só pode ser considerado completo com a graduação. O artigo aborda informações, de forma comparativa, sobre a evolução do nível educacional mais alto alcançado pelo pai ou pela mãe do aluno (medida de aproximação ao conceito de ascendência educacional) e as diferenças de permeabilidade no acesso, permanência (trânsito académico) e na graduação (qualificação académica), com base nos censos de conclusão de diplomas em 1999, 2007 e 2012, nos dados administrativos sobre matrículas e atividade estudantil entre 2001 e 2017 e nos diplomados entre 2010 e 2017 da Universidade da República (Udelar). Os dados confirmam a alta permeabilidade social da Udelar, mas reforça-se a hipótese geral de que a origem social continua a afetar diferencialmente as possibilidades de acesso à universidade, e, uma vez realizado o ingresso, de percorrê-la, tornando-se mais aguda em termos de oportunidades de graduação (acreditação).

